sexta-feira, 16 de novembro de 2012

XVI -À NOVA FRANÇA!



Eu, minha mãe e Jônatas partimos em boa hora de Portugal, em 1866. Antes de irmos para Salvador, para residirmos, fomos para Minas Gerais. Nesse lugar, comecei a aprender o melhor de tudo: o contrabando. Dali começou tudo. Lá conheci um homem chamado Lourenço... Lourenço de Avelar, isso! Tinha, por esposa, uma mulher com o nome muito desgraçado que era... Hermengarda, ô nome desgraçado esse! Hermengarda... era esse mesmo o nome dela. Nós na casa dos Avelar ficamos hospedados. Mas logo depois compramos uma casa par morarmos.
Lourenço tinha é... é, como se diz... ele tinha um empório também, mas vendia comida: farinha, fubá; tinha um empório no qual vendia comida.
Ele era muito amigo de Judite e Jônatas. Veio para o Brasil de Portugal, justamente, fugido. Era da mesma crença deles. Foi uma confusão desgraçada e ele estava nas Gerais. Desde a época das Capitanias, aqui no Brasil, tempo das Minas Gerais, ninguém podia ser judeu. Ainda queimavam abertamente muita gente por causa de religião. A burguesia inventa a história de acordo com seus interesses. É muito fácil: presume-se uma data e joga-se a informação... pronto e acabado! Quem questionará? Como? Vê esta minha história, ocorre o mesmo. É um fato real ou ficcional. Não esqueças de que o nome Costa é muito respeitado, tem tradição.
Retornando...
Quem conhecia era Judite, porque ele já havia vindo fugido de Portugal para cá. Nós viemos para cá com tudo acertado. Só não aconteceu nada de errado por causa do meu nome, Costa. Ninguém me questionou, pois não tinham a cara de meu pai para comparar. Ele era respeitado, mas ninguém conhecia seu rosto. O que importa? Eu tinha dinheiro. E também não era negro-negro. A mistura de uma pessoa de pele escura com uma de pele clara dá um negro? Nunca!

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